O presidente Donald Trump demonstrou interesse em realizar um encontro com o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, durante a cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), que ocorrerá na Malásia, a partir do dia 26 de outubro. A proposta partiu do governo brasileiro no início do mês e, após uma conversa telefônica entre os dois líderes, classificada por Trump como “muito boa”, as negociações avançaram. De acordo com fontes da Casa Branca, a cúpula seria um local “neutro e estratégico” para tratar de pautas bilaterais sem as pressões simbólicas de um encontro em Washington ou Brasília.
No Palácio do Planalto, o encontro é visto como uma oportunidade para reorganizar a relação entre os dois países, após meses de tensão diplomática. Desde que Trump anunciou tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, a relação comercial sofreu um forte abalo. No telefonema mais recente, Lula pediu pessoalmente a revogação das medidas e deve reforçar o apelo caso o encontro presencial ocorra. O governo brasileiro também pretende discutir as sanções a autoridades brasileiras e as recentes ofensivas americanas contra Venezuela e Colômbia, temas sensíveis para a diplomacia de Lula, que tem defendido uma “zona de paz” na América do Sul e se posicionado contra qualquer tipo de intervenção militar na região.
A reunião deve ocorrer durante a agenda oficial de Lula na Ásia, que inclui visitas à Indonésia e à Malásia e encontros com líderes como o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi. A cúpula da ASEAN reunirá dez países do sudeste asiático para discutir crescimento econômico e estabilidade regional. Caso o encontro entre Lula e Trump se concretize, será o primeiro compromisso formal entre os dois presidentes desde o início da crise do tarifaço, marcando um possível recomeço no diálogo diplomático. A expectativa entre as duas delegações é de que a conversa ocorra em clima cordial e pragmático, com foco na reconstrução das pontes políticas e comerciais entre Brasil e Estados Unidos.